Atualmente professor no Programa de Pós-Graduação em Linguística da Universidade Federal de Minas gerais, Perini publicou 12 livros que abordam a temática gramatical portuguesa. São dele as palavras.
“Para quem gosta de certezas e seguranças, tenho más notícias: a gramática não está pronta. Para quem gosta de desafios, tenho boas notícias: a gramática não está pronta. Um mundo de questões e problemas continua sem solução, à espera de novas idéias, novas teorias, novas análises, novas cabeças”. Mário A. Perini
“Para quem gosta de certezas e seguranças, tenho más notícias: a gramática não está pronta. Para quem gosta de desafios, tenho boas notícias: a gramática não está pronta. Um mundo de questões e problemas continua sem solução, à espera de novas idéias, novas teorias, novas análises, novas cabeças”. Mário A. Perini
Diante da proposta deste semestre quanto ao tema da APS, a
primeira providência foi levantar todo o material estudado até então, mapeá-lo,
sequenciá-lo e segmentá-lo em partes para uma “dissecação” profunda dos
subconjuntos que nesse período envolveram a discussão sobre a análise
elementar frasal através das unidades sintagmáticas: SN,SV,SP e SA (
Sintagma Nominal, Verbal, Preposicionado e Adjetival, respectivamente).
Em uma série de aulas de Morfossintaxe da Língua Portuguesa
ministrada sob a orientação de Mônica Oliveira Santos, professora, doutora e
coordenadora do curso de Letras da Unip (Campus Swift, Campinas – SP ), houve uma preocupação inicial em se retomar tópicos da matéria conduzidos por Mário
Perini no capitulo 3 do livro “Para uma nova gramática do português”, intitulado
‘Três Problemas Básicos’
Ø Relação entre os problemas Semântico e Formal
Ø Definição do ”Paradigma Gramatical”
Ø Definição entre classe
É posta à “baila” a crítica aos critérios de classificação da GT (Gramática Tradicional), discussão essa que vai evidenciar a fragilidade do formato semântico quando da análise através do sintagmas. A fim de buscar meios que melhor se encaixem na experimentação de cada elemento que se predisponha a organizar e constituir uma frase, um “reboliço” gramatical ganha força dentro da lingüística.
Com citações que se referem diretamente às divergências no campo da descrição formal em oposição ao significado semântico (p. 22), a forma reflexiva do verbo é questionada. Perini chama a atenção para a relevância da análise lingüística. Para a GT, a relação existente entre forma sintática, morfológica e significado básico é tida como simples. Dado o fato de que cada significado, para cada forma, é único. Em outras palavras, a forma X tem o significado Y. E para ilustrar tal situação, o verbo “sobe ao palco”! Definido semanticalmente como aquele que denota uma ação no tempo, quando interpelado pelo seu aspecto formal, visa descrever o conjunto flexional. Os conflitos começam logo quando da exposição de palavras derivadas do verbo “chover”, por exemplo: Em a “A chuva de ontem...” chuva está representada no tempo ao ser associada ao advérbio ‘ontem’, porém não é verbo. O mesmo se dá com “Gato come rato” e “ A água ferve a 100 graus”, que tornam evidentes a não representação formal do tempo cronológico. Outras frases que carregam esse mesmo “estigma” e que servem aqui para enriquecer o estudo analítico, além de estimular o pensamento na procura por outras de semelhante teor, podem ser esboçadas por: "É tempo de mudança", "Ri melhor quem ri por último", entre outras.
Com citações que se referem diretamente às divergências no campo da descrição formal em oposição ao significado semântico (p. 22), a forma reflexiva do verbo é questionada. Perini chama a atenção para a relevância da análise lingüística. Para a GT, a relação existente entre forma sintática, morfológica e significado básico é tida como simples. Dado o fato de que cada significado, para cada forma, é único. Em outras palavras, a forma X tem o significado Y. E para ilustrar tal situação, o verbo “sobe ao palco”! Definido semanticalmente como aquele que denota uma ação no tempo, quando interpelado pelo seu aspecto formal, visa descrever o conjunto flexional. Os conflitos começam logo quando da exposição de palavras derivadas do verbo “chover”, por exemplo: Em a “A chuva de ontem...” chuva está representada no tempo ao ser associada ao advérbio ‘ontem’, porém não é verbo. O mesmo se dá com “Gato come rato” e “ A água ferve a 100 graus”, que tornam evidentes a não representação formal do tempo cronológico. Outras frases que carregam esse mesmo “estigma” e que servem aqui para enriquecer o estudo analítico, além de estimular o pensamento na procura por outras de semelhante teor, podem ser esboçadas por: "É tempo de mudança", "Ri melhor quem ri por último", entre outras.
Conclui-se, pois, que a natureza de ‘chuva/chover’ é de caráter distinto.
Em “Pode deixar que eu frito os bolinhos”, outra amostragem na qual se tenta especular o que há por detrás da definição de ’verbo’ (no caso, o verbo ‘fritar’), ocorre uma menção na qual se insinua um modo temporal que tanto pode compreender o presente como o futuro. Em paralelo, com o mesmo foco de perspectiva, a frase “Nesse momento D. Pedro tira a espada e grita ‘Independência ou Morte’?” deixa, outra vez, uma interrogação no ar quanto ao tempo referido (presente ou passado?).
Como etapa subsequente, o verbo é submetido a um processo sob o qual passa-se a observar sua definição enquanto forma/estrutura. Há um destaque para o funcionamento morfológico e sintático, que se sobrepõe ao frágil desempenho semântico. Este, embora considerado importante, é tido como o tipo de análise menos completa e satisfatória, quando em comparação ao aspecto formal.
Ø Numa segunda intervenção, um “mergulho” no que o “Paradigma Gramatical” revela sob as “lentes” da GT.
Ao invés de tratar dos vocábulos ‘homem’ e ‘homens’ por exemplo, como sendo palavras distintas, eis que a GT as coloca como formas (nesse caso, singular e plural) da mesma palavra. Como, porém, caracterizar uma palavra tomando por base seu conjunto flexional também recai em certos problemas, a classificação sintática é reconhecida como de fundamental importância ao se objetivar a constituição de um paradigma. Nesse particular, os ‘adjetivos’ caem bem como ilustração: branco/branquíssimo.
Os critérios morfológicos e sintáticos criam um estado dúbio, incerto, impreciso quando, em outro exemplo, o verbo não corresponde à sua denotação, ao pretender qualificar algo, como em “os topázios brilham muito”. Também deixa a desejar a condição que determina que, ter ao menos um morfema em comum, é essencial na classificação dos membros de um paradigma. Vide os pares que figuram exemplificando tal conduta:
PARADIGMAS
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IGUAIS
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DIFERENTES
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CASA/SEMPRE
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FALEI/COMPREI
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‘Falei’ e ‘comprei’ apresentam distintos morfemas não-flexionais (radicais e morfemas derivacionais), o que é característica comum a todos os membros de um paradigma e, por consequência, os separa.
Contudo, o que contribui para o esclarecimento da classificação de palavras quanto à relação dessas como pertencentes a membros de um mesmo paradigma, busca na sintaxe um suporte estrutural, ou seja, o aspecto morfológico é, dessa vez, posto de lado, a fim de não se incorrer na circularidade.
Agora são os critérios sintáticos que passam a definir as classes de palavras, que definem que, por exemplo ‘branco’, ‘branca’ e ‘branquíssimo’ encontram-se num ambiente singular de significação, excluindo dessa classificação, no entanto, ‘brancura’ e ‘branqueiam’, já que ambos compartilham de ambientes sintáticos diferentes.
Não por acaso, Perini instiga aqueles que, a exemplo dele, se engajam na aventura de acompanhar ao cabo a evolução da língua, adentrando em seus “labirintos” à procura de esquemas inteligentes ao se estudar os pormenores da língua.
-Da discussão do capítulo 1 “Organização e Constituição de Frase”, dos autores koch e Silva.
São várias as definições acerca do termo ‘frase’. Aponta-se primeiramente à simplória conotação de estrutura, ressaltando a forma, a “matemática” conjuntural em que as palavras se posicionam umas perante as outras; a capacidade de comunicar, de significar algo, de exibir um enunciado lógico; e, por fim, a ordem na qual os elementos que compõem um conjunto se inter-relacionam, combinando certos princípios da língua, numa dada organização à ela peculiar. O dicionário Aurélio, por sua vez, explica ‘frase’ como “substantivo feminino. 1. Reunião de palavras que formam sentido completo. 2. Locução, expressão”.
Essa estruturação acompanhada de sentido, no entanto, precisa atender a normas de organização interna. Muito embora uma flexionabilidade variacional no que se refere à sua extensão, sentido, palavras e mesmo ordem seja grande, para que haja coerência naquela que é a principal ferramenta do falante (a língua), há que se estabelecer fundamentos básicos, a fim de que esse falante consiga reconhecer uma sequência gramatical, dizer se ela é completa ou incompleta, se tem ou não interpretação semântica.
Do ponto de vista textual, sentido e ato de comunicação entre interlocutores se relacionam através de uma unidade constituída por aspectos semânticos e pragmáticos, num “desenho lógico” dividido em início, meio e fim.
É por intermédio de marcas impregnadas tanto na linguagem falada quanto na escrita que o falante se vale para então definir o todo de um texto, bem como sua segmentação. Mas, além desse fator de guia, é preciso ter ciência dos princípios que regem a estrutura da língua. E essa estrutura requer um conteúdo proposicional, sem o qual não se estabelece sentido, não existe frase. De onde se conclui que, grosso modo, frase é o mesmo que oração. Porém, aprofundando tal conceito, enquanto a frase é apenas uma possibilidade na estrutura abstrata da língua, a oração faz a vez de formar uma proposição semântico-pragmática. A oração, quando veiculada pelo locutor, pode sugerir uma ordem, uma afirmação, uma negação, uma promessa, uma ameaça, enfim, uma mensagem que vai por conseguinte conferir seu tipo proposicional.
Visualmente, teríamos a categorização teórica de frase, numa dada língua, simbolizada da seguinte maneira:
F = T + P
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Frase = Tipo + Preposição
Esse esquema gráfico mostra relações de dominância e precedência vigentes no funcionamento profundo da língua, no que tange à sua base estrutural.
-Dos princípios de organização da estrutura da frase.
Partindo do pressuposto que uma frase é composta por elementos organizados que transmitem um sentido lógico, é importante saber como ordenar as classes a que cada elemento pertence, bem como trabalhar as variadas possibilidades combinatórias entre as proposições, com o intento de decompô-las em unidades menores, sujeitando-os à análise de equivalência. Para tanto, lança-se mão do princípio da comutação, formado por duas vias de conduta:
-A segmentação – Estabelece os subconjuntos em que pode ser decomposta a proposição;
-A substituição – Investiga quais dos subconjuntos desempenham o mesmo papel.
Ao definir os subconjuntos é possível se notar a relação de equivalência existente entre os elementos da oração, os quais permanecem íntegros mesmo após sofrerem permuta. Eis que se faz presente a necessidade de uma aproximação a cada um desses elementos constituintes da unidade sintático-semântica: o Sintagma.
Antes, porém, uma demonstração gráfica para ilustrar como, na prática, funcionariam esses subconjuntos recém-mencionados diante da proposta da comutação.
Roberto
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está deslumbrado com o resultado de seu último projeto.
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compareceu à noite de autógrafos.
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escorregou.
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acredita em um mundo melhor.
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viajará para a Irlanda no ano que vem.
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Roberto
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O escritor
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O molequinho descalço
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está deslumbrado com o resultado de seu último projeto.
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Minha sobrinha
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Ele
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